sábado, 2 de fevereiro de 2008

Neila Toledo

Haicais



Criança travessa
Rosto sujo de sorvete-
Tarde ensolarada.




Visita surpresa
Pingos batem na vidraça-
Chuva de verão.



No imenso quintal
Crianças colhem morangos.
Saudades da infância.

2 comentários:

Anônimo disse...

Neila, haicais sempre foram um mistério para mim e sempre os adorei. Os seus me remeteram a uma suavidade de passado perdido e das coisasque povoam nossa infãncia. Gosto das indicações lúdicas e a menção de visita surpres é um assalto as nossas memórias pueris. Me revisitei criança, no quintal, saboreando frutas e excitada com a campainha anunciado a chegada de visitas. Vivi o inesperado. Parabéns!

André Ferrer disse...

Haicais podem se tornar brocas de alta performance. Podem abrir profundos buracos na consciência do leitor. Podem ferir a crosta dos insensíveis e fazê-los pensar no quanto perdem com tanta insensibilidade. Enfim, o haicai é tanto mais surpreendentemente profundo quanto mais distraidamente raso se comportar o leitor. É por isso que o japonês dá tanta importância para este gênero minimalista. Muitas arestas, em plena distração do dia-a-dia (quando, sem percebermos, pairamos numa superfície medíocre), podem ser lapidadas através da leitura de um haicai.